As Pupilas do Senhor Reitor
As Pupilas do Senhor Reitor é uma obra que retrata não só o modo de vida do séc. XIX mas também o modo de amar daquela época, muito diferente do modo de amar dos dias de hoje.
Júlio Dinis insere a sua obra num Portugal onde a igreja comandava tudo, desde o ensino dos filhos mais novos à vida de todos aqueles que eram considerados "pecadores", conferindo-lhe as suas sentenças e decidindo com quem cada qual deveria casar.
Esta obra conta-nos as aventuras e desventuras de dois jovens, Daniel e Margarida , dois apaixonados que, por ironia do destino, a vida achou-se no direito de separar .
Daniel um jovem considerado "demasiado fraco para a vida no campo" e é enviado para o Reitor (padre António) para se preparar para a vida de seminarista. No entanto, mais tarde, o Reitor sugere a sua ida para o Porto, para que este se torne um grande cirurgião . Margarida, uma jovem pastorinha cuja vida nunca lhe fora generosa, é órfã de pai e mãe, e responsável pela sua irmã mais nova, Clara. Ambas são deixadas aos cuidados do sr. Reitor, que as educa, sendo que mais tarde Margarida prossegue nos estudos, tornando-se professora.
É ainda na infância que Daniel e Margarida desenvolvem uma paixão um pelo outro, o que desagrada ao senhor Reitor, que pretendia fazer de Daniel padre. Esta paixão acaba por ser desfeita com a ida de Daniel para o Porto para estudar Medicina.
Neste contexto de separação entre os apaixonados surge um desenrolar a nível amoroso meio conturbado entre Pedro e Clara, o irmão mais velho de Daniel e a irmã de Margarida. Nisto dá-se o retorno de Daniel à província, retornando com ele os velhos sentimentos de Margarida, deixados para trás há dez anos.
É neste meio termo de busca pela sua amada que que iniciam as aventuras e desventuras dos jovens casais na busca pelo amor e pela aprovação do Sr. Reitor para que se pudessem casar de acordo com a bênção de Deus.
Júlio Dinis, enquanto escritor, caracteriza-se principalmente pela busca de um típico happy ending em todas as suas obras, em conjunto com uma religiosidade e um carácter moralizador, sendo que este apela à bondade, ao sacrifício pessoal, conferindo um certo drama à obra, bem como um suspense, incitando o leitor a querer chegar ao final da obra de modo a saber todo o enredo da mesma, só descansando quando termina.