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(Capa do livro AUTO DA ALMA) |
Este é um livro do tão chamado "o pioneiro da dramaturgia portuguesa" (Gil Vicente). Trata-se de uma obra de
teatro, como podemos ver pelo título, Auto
da Alma.
É uma obra que pertence à
literatura didática, isto é, feita no âmbito escolar, pelo que esta é uma
edição escolar do verdadeiro livro, que integra um preâmbulo, uma introdução,
intitulada de O AUTO DA ALMA, um texto fac-similado de 12
páginas (com português da época), um “texto anotado”, isto é, com notas. Este
"texto anotado" está acompanhado de notas de auxílio para compreensão
do significado de palavras, do sentido de frases e também de construções sintáticas.
Integra, também, um questionário ideológico, estilístico e gramatical que, para
além de complementar a leitura, pretende forçar a compreensão do livro. E, por
último, apresenta um glossário.
Esta obra relata, na minha
opinião, o desejo de suicídio de uma Alma e os contribuintes para a purificação
da alma e o respetivo e hipotético regresso ao corpo.
Esta é uma obra que
superou minhas expectativas. Quando observei a capa desta obra, deparei-me com
o pensamento de que esta seria uma obra de teatro com semelhanças à obra que
relata a Alma de Aristóteles (De Anima).
No entanto, não se trata de uma obra filosófica sobre a Alma, quanto mais de
uma obra de conceitos morais ou éticos, mas sim uma obra religiosa sobre a
Alma, ou seja, integra conceitos religiosos, de que a alma vai para o céu e
para o inferno, de que devemos tornar a nossa vida digna e honrada.
Em termos de relações
intertextuais, encontro semelhanças muito particulares com o Auto da
Barca do Inferno do
mesmo autor: o Diabo com o mesmo tom irónico (nesta obra aparecem
dois); o Anjo (nesta obra chamado Anjo Custódio) com a mesma atitude
justiceira, só que, no entanto, nesta obra apresenta-se, também, compadecido,
tendo em conta que se trata de uma obra que relata o desejo de suicídio de uma
Alma. A única novidade que encontro é mesmo a apresentação de santos,
nomeadamente Santo Agostinho, Santo Ambrósio, S. Jerónimo e S.Tomás.