Antes de iniciar a minha leitura, suspeitei que
tratando-se de um livro de José Saramago, este teria como base uma
crítica. E foi exatamente isso que se passou!
Esta é uma obra dramática, que decorre na
Redação de um jornal em Lisboa, na noite de 24 para 25 de Abril de
1974.
A ação começa quando Valadares, o chefe da
Redação, informa que vai mudar a primeira página e pede a Torres a
sua notícia, porém negligencia-a e afirma não publicá-la.
Torres e Jerónimo começam a discutir com o
chefe, mostrando-lhe que não tem autoridade para isso, tendo, no
entanto e apesar dos desmandos de Valadares, a maior parte da redação
ficado do lado do chefe após a discussão. Só Cláudia apoia Torres
e Jerónimo.
Antes do jantar, Valadares pede a Torres que fique
para conversarem sobre o que tinha acabado de suceder. Nessa
conversa, o chefe acaba por desabafar sobre o quanto complicado o seu
trabalho é, mas Torres continua a mostrar-lhe que este não tem o
direito de fazer o que quer.
Após o jantar, Torres é chamado por Carlos, que
lhe informa que há movimentações militares por todo o país.
Torres conta logo a Cláudia, que, por sua vez, tenta arranjar uma
forma de fazer com que Torres saia do edifício para ficar a par de
pormenores sobre essas mesmas movimentações.
Entretanto, Jerónimo,
Damião e Afonso entram na Redação alertando que há uma Revolução
e que só colocam as máquinas a trabalhar se for sobre a mesma. O
chefe, atrapalhado, liga para outros jornais e para o governo, mas
ninguém lhe sabe dar nenhuma informação do que está a acontecer. Contudo, é Torres que aparece e confirma que há uma Revolução
e escreve de imediato a sua notícia e entrega-a à oficina.
Na Redação, a maioria quer que as máquinas
parem, mas os restantes mostram que as máquinas não vão parar por
nada.
Ao longo da obra é possível sentir-se que a
Revolução é dentro do próprio jornal, isto é, há um chefe que
se acha superior a todos e tudo decide sem ouvir a opinião dos restantes trabalhadores e em que a maioria dos empregados o apoia. E
há uma minoria que é contra o chefe, tentando essa mesma
revoltar-se contra o poder "fascista" do mesmo.