O conto que li tem como título «Tenório», é da autoria de Miguel Torga e encontra-se presente no livro Bichos.
Tal como os outros contos, o protagonista da história é um animal, neste caso, é um galo.
Ainda mal tinha acabado de nascer, os donos de Tenório já achavam que o mesmo iria ser um bom galo e, por isso, não iria estar sujeito ao destino de ser morto para os alimentar. Assim foi, Tenório cresceu forte, saudável e com umas lindas e coloridas penas das quais o mesmo se orgulhava, o mesmo se dizia da sua crista vermelha e dos enormes esporões das suas patas.
Tais características faziam com que Tenório fosse o verdadeiro «mulherengo» da capoeira, pois não havia galinha alguma que lhe resistisse.
O seu vozeirão fazia-se sentir tão claramente que até acabava por espantar os seus próprios donos. Mas, com o passar dos dias, Tenório sente-se inseguro e com receio ao perceber que a sua dona elogiava cada vez mais o seu filho, que herdara do pai a voz cristalina e o porte altivo, pois Tenório já se encontrava envelhecido.
Tudo isto piorou quando viu aproximar-se da capoeira a sua dona, que levava na mão uma faca. Prevendo o seu destino, Tenório soube que tinha chegado a sua hora.
Gostei muito deste conto, porque a vida humana pode ser comparada com a vida de Tenório. Todos temos um início e um fim e entre esse percurso estamos sujeitos também a ser substituídos.
Este conto também pode ser uma metáfora das pessoas que constantemente sentem necessidade de se sentirem únicas e superiores, esquecendo-se que todo o poder é efémero assim como a própria vida.
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