quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

a máquina de fazer espanhóis, de valter hugo mãe






Este livro narra a história de antónio silva, um octogenário que, após a morte da esposa, Laura, com quem partilhara a vida por quase cinquenta anos, é colocado, contra a sua vontade, num lar de idosos. Através de uma narração em primeira pessoa, vamos conhecendo os diversos utentes do lar (bem como os seus funcionários, de entre os quais se destaca, pela simpatia e cuidado, américo) e as suas histórias de vida que se aproxima do fim. 

Trata-se de uma reflexão comovente sobre a impotência e o abandono da velhice: «estar para ali metido, naqueles primeiros tempos, era literalmente como se me quisessem matar e não tivessem coragem por optar por um método mais rápido. um método mais rápido que seria seguramente uma maior honestidade, pensava eu. punham-me aqui e deixavam que me finasse segundo a segundo longe dos seus olhos. e eu não entendia como não havia de parar o coração só à força daquela tristeza, porque vivia dentro de um lugar onde pedia para morrer a qualquer bulício em meu redor»

Até ao momento, ainda não foi possível compreender o título deste romance de valter hugo mãe, vencedor, entre outros, do Prémio José Saramago, em 2007. Curiosamente, o estilo deste autor apresenta algumas semelhanças com o estilo de José Saramago, nomeadamente na questão da pontuação nos diálogos. Outra peculiaridade da escrita deste autor é a abolição total das maiúsculas, numa tentativa de aproximar a escrita da oralidade, já que, segundo valter hugo mãe, «as pessoas não falam com maiúsculas».

Artigo «As grandes minúsculas de valter hugo mãe»: http://visao.sapo.pt/as-grandes-minusculas-de-valter-hugo-mae=f545016

1 comentário:

  1. é uma obra verdadeiramente reveladora. Revela a crueldade humana e a falta de compaixão para com os mais velhos. É um "alerta" para a sociedade, que os lares podem sugerir comodidade, bem estar e muito mais pelo nome, mas quem auxilia os idosos são meramente funcionários e muito deles não são dotados de bondade e compaixão, pois são humanos, mas terá a humanidade alguma esperança? A resposta é sim! O Américo representa essa esperança. Apenas o Américo nessa história mostra-se compassivo e bondoso. E Américo representa o grupo de Homens que realmente são respeitadores dos Direitos Humanos e primam por isso.

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