A obra inicia-se com um período de intermitência da morte, uma visão televisiva dos fatos a partir do dia 1 de janeiro, quando ninguém mais morreu naquele país. Aqui são abordados os paradoxos da ausência da morte, conflitos, discussões e soluções para o problema dos que não morrem nem podem voltar a viver, os moribundos.
No sétimo capítulo há uma carta encaminhada pela morte a uma emissora de televisão, para que seja levada a público a notícia de seu retorno. Para cada um a quem estivesse a chegar a temida hora da partida sem volta, o tal prazo de sete dias seria precedido pelo recebimento de uma carta, de autoria da morte, anunciando a “rescisão deste contrato temporário a que chamamos vida”. Este novo sistema de anunciação e a reação das pessoas - também calamitosa - tomará os próximos três capítulos.
No décimo capítulo, uma dessas cartas - que deveria ser recebida por um violoncelista - é devolvida à remetente (tal como o pode ocorrer em autênticas correspondências postais), e a partir daí há uma narração mais clássica com personagens (a morte e o músico), espaço e conflitos bem definidos. Nesta parte, a morte é humanizada, e para muitos o ponto alto do livro. Gabriel Perisséu, escritor e crítico, afirma que "importa saborear a sabedoria com que o autor aborda a personificação da morte e a necessidade que esta sente (feminina ela se apresenta) de ser amada".
Sem comentários:
Enviar um comentário