O Carteirista que Fugiu a Tempo, de Moita Flores
Francisco Moita Flores é um autor que me despertou a curiosidade,
bem como sua obra O carteirista que
fugiu a tempo.
Ao primeiro olhar depositado nesta obra,
deparei-me com a sua textura, que convida ao toque, e, ao observar a capa,
reparei que representava um homem, que, pelo seu semblante divertido, alegre e
angelical, me fez especular sobre como seria este livro: divertido? Ou apenas literatura
infantil?
Estas divagações atormentaram-me durante
segundos, mas, ainda assim, arrisquei perder um pouco de tempo e comecei por
folhear o livro. Notei uma linguagem simples no primeiro e no
segundo parágrafos, uma expressão que ficaria longe de ser mal entendida (”era coisa do
diabo”) e fui notando que a linguagem se ia modificando e ficando mais complexa
mas num nível de fácil compreensão e cada vez surgiam mais termos coloquiais e
pensei: ”bem, parece-me uma boa obra”. E isto, reforçado pelo facto de ter
gostado da capa, assegurou a minha escolha.
Ao observarmos a contracapa, que, ligada à
capa, forma o metro, podemos ler que “o carteirista vivia num país de cenho
carregado, que se arrastava penosamente ora com medo da insegurança, ora desconfiado
dos políticos que queriam acabar com ela [a insegurança].”. Aqui podemos
denotar uma crítica social: a sociedade não acredita nas façanhas dos políticos
para acabar com a insegurança, pois ela acredita serem más intencionadas.
Também podemos ler que este “Vivia num país
cansado, que trocara a revolução pela revolta, a discussão pelo bocejo, o mar
pelo sofá frente à televisão”. Mais uma crítica social: a sociedade cansou-se de
lutar pelas suas convicções e seguir através do mar em conquistas e decidiu substituir tais
ousadias cheias de brio pela inércia.
Ainda podemos ler que este “Rebelou-se.
Desatou a rir às gargalhadas, e pelo país ordeiro, servil à novela e medroso da
inflação, assustou-se. (…) E o carteirista fugiu para o céu. Esconde-se numa
nuvem, algures entre o nascer do sol e a Estrela Polar. Há quem diga ainda hoje
que se ouve o troar dos canhões. Outros asseguram que não. É apenas o
carteirista a rir impiedosamente do país inseguro, hesitante entre uma
telenovela e um jogo de futebol.”. Mais uma vez uma crítica: o país imita a
novela, fica indeciso entre ver uma telenovela ou ver o jogo de futebol e tem
medo da inflação dos preços e só nisto consiste a sociedade: gente medrosa,
deitando seu passado a perder.
É, portanto, uma obra de comédia
sociodramática.
Para quem tem curiosidade relativamente à contracapa, deixo um link com a
imagem em tamanho real:
O título do livro e a sua capa, realmente, são muito cativantes. Eu sou da opinião que estes dos elementos são fundamentais para persuadir o leitor. De facto, conseguiram despertar o meu interesse e fazer com que eu perdesse alguns minutos a ler o que aqui foi postado! Certamente não será para literatura, mas espero ter oportunidade de ler esta obra.
ResponderEliminarÉ de facto uma obra fantástica, na minha opinião. Revela um génio por de trás dela, Francisco Moita. É bem condimentada esta obra com seus 15 capítulos. Uma obra que trata de uma única história de um grupo de cinco personagens que conseguiram enriquecer à custa de mentiras e estratégias financeiras geniais, incluindo tornarem-se famosos, participando em concursos e manipulam de tal forma a vitória, através de tecnologia não muito avançada (transmissor auricular) que permitia a transmissão das respostas às perguntas do apresentador. A principal Personagem é Fred Astaire. Este é o génio por de trás do sucesso do grupo que junto ganharam mais de 1500 contos. No fim, Fred Astaire falece quando finalmente soube que o amor da sua vida, Inês, morreu num acidente de viação.
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