domingo, 19 de maio de 2013

O carteirista que fugiu a tempo, Francisco Moita Flores.

O Carteirista que Fugiu a Tempo, de Moita Flores

Francisco Moita Flores é um autor que me despertou a curiosidade, bem como sua obra O carteirista que fugiu a tempo.


Ao primeiro olhar depositado nesta obra, deparei-me com a sua textura, que convida ao toque, e, ao observar a capa, reparei que representava um homem, que, pelo seu semblante divertido, alegre e angelical, me fez especular sobre como seria este livro: divertido? Ou apenas literatura infantil?


Estas divagações atormentaram-me durante segundos, mas, ainda assim, arrisquei perder um pouco de tempo e comecei por folhear o livro. Notei uma linguagem simples no primeiro e no segundo parágrafos, uma expressão que ficaria longe de ser mal entendida (”era coisa do diabo”) e fui notando que a linguagem se ia modificando e ficando mais complexa mas num nível de fácil compreensão e cada vez surgiam mais termos coloquiais e pensei: ”bem, parece-me uma boa obra”. E isto, reforçado pelo facto de ter gostado da capa, assegurou a minha escolha.

Ao observarmos a contracapa, que, ligada à capa, forma o metro, podemos ler que “o carteirista vivia num país de cenho carregado, que se arrastava penosamente ora com medo da insegurança, ora desconfiado dos políticos que queriam acabar com ela [a insegurança].”. Aqui podemos denotar uma crítica social: a sociedade não acredita nas façanhas dos políticos para acabar com a insegurança, pois ela acredita serem más intencionadas.


Também podemos ler que este “Vivia num país cansado, que trocara a revolução pela revolta, a discussão pelo bocejo, o mar pelo sofá frente à televisão”. Mais uma crítica social: a sociedade cansou-se de lutar pelas suas convicções e seguir através do mar em conquistas e decidiu substituir tais ousadias cheias de brio pela inércia.

Ainda podemos ler que este “Rebelou-se. Desatou a rir às gargalhadas, e pelo país ordeiro, servil à novela e medroso da inflação, assustou-se. (…) E o carteirista fugiu para o céu. Esconde-se numa nuvem, algures entre o nascer do sol e a Estrela Polar. Há quem diga ainda hoje que se ouve o troar dos canhões. Outros asseguram que não. É apenas o carteirista a rir impiedosamente do país inseguro, hesitante entre uma telenovela e um jogo de futebol.”. Mais uma vez uma crítica: o país imita a novela, fica indeciso entre ver uma telenovela ou ver o jogo de futebol e tem medo da inflação dos preços e só nisto consiste a sociedade: gente medrosa, deitando seu passado a perder.

É, portanto, uma obra de comédia sociodramática.

Para quem tem curiosidade relativamente à contracapa, deixo um link com a imagem em tamanho real:



2 comentários:

  1. O título do livro e a sua capa, realmente, são muito cativantes. Eu sou da opinião que estes dos elementos são fundamentais para persuadir o leitor. De facto, conseguiram despertar o meu interesse e fazer com que eu perdesse alguns minutos a ler o que aqui foi postado! Certamente não será para literatura, mas espero ter oportunidade de ler esta obra.

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  2. É de facto uma obra fantástica, na minha opinião. Revela um génio por de trás dela, Francisco Moita. É bem condimentada esta obra com seus 15 capítulos. Uma obra que trata de uma única história de um grupo de cinco personagens que conseguiram enriquecer à custa de mentiras e estratégias financeiras geniais, incluindo tornarem-se famosos, participando em concursos e manipulam de tal forma a vitória, através de tecnologia não muito avançada (transmissor auricular) que permitia a transmissão das respostas às perguntas do apresentador. A principal Personagem é Fred Astaire. Este é o génio por de trás do sucesso do grupo que junto ganharam mais de 1500 contos. No fim, Fred Astaire falece quando finalmente soube que o amor da sua vida, Inês, morreu num acidente de viação.

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