O Ano da Morte de Ricardo Reis
Esta obra remete-nos ao ano de 1936 , apresentando como personagem principal Ricardo Reis, um dos heterónimos de Fernando Pessoa. Ricardo Reis é portador de nacionalidade portuguesa, médico de clínica geral, que, após a sua emigração para o Brasil, descobrira uma paixão por doenças tropicais, aperfeiçoando assim os seus conhecimentos em relação à mesma. Caracteriza-se como uma pessoa solitária, contudo revela tendências para a imaginação.
É no Cemitério dos Prazeres, já em Portugal, que Ricardo Reis é recebido com a notícia da morte de Fernando Pessoa, retornando depois ao Hotel Bragança, onde se encontra hospedado. É no primeiro dia do ano que Ricardo Reis é surpreendido pelo aparecimento do fantasma de Fernando Pessoa, que lhe explica que apenas tem oito meses para dialogar com ele, pois a morte é tal como estar no ventre da mãe e oito meses é o tempo exacto que demora um morto a ser esquecido. É no Hotel Bragança que a atenção de Ricardo Reis é fortemente despertada por Marcenda, uma jovem burguesa com um braço paralisado, que aparenta ser muito familiarizada com o hotel, e pela qual desenvolve uma paixão platónica. e Lídia, uma empregada do hotel, pela qual desenvolve um amor carnal .
Ao longo da obra, José Saramago descreve em pormenor a vivência numa sociedade onde ocorre a necessidade de transparecer o retrato idílico de um pais perfeito, onde o Salazarismo começa a fazer efeito. Nesta obra também são elaboradas teses sobre os erros da sociedade do século XX e do egocentrismo dos cidadãos que nesta habitam. Simultaneamente, é feito um paralelismo com outros países, tais como a Espanha e o Brasil. É na grande Lisboa que Ricardo Reis vem a morrer, numa Lisboa cinzenta e impiedosa, a condizer com o ambiente de suspeição e desconfiança do Estado Novo, sendo esta uma cidade mesquinha, coscuvilheira, que se intromete na vida dos outros. Como exemplo, temos o que se passa no Hotel Bragança, onde inicialmente se hospedou Ricardo Reis, e no apartamento que acabou por arrendar na rua de Santa Catarina, sendo a única coisa boa deste local a vista sobre o Tejo, visto que é nos apresentado um país de pobres, com falta de trabalho e onde impera o culto religioso e político e todos os seus instrumentos propagandistas.
José Saramago é um escritor que consegue sempre me cativar a atenção, escritor português sendo motivo de orgulho por ter ganho um Nobel de Literatura. A minha pergunta é qual é a tua opinião em particular sobre este livro.
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