sexta-feira, 19 de junho de 2020

Poesia de Miguel Torga


Poesia de Miguel Torga

Adolfo Correia da Rocha, mais conhecido pelo pseudónimo Miguel Torga, foi um otorrinolaringologista e escritor do século XX.
Os temas das obras de Miguel Torga são a problemática religiosa, o sentimento telúrico, o drama da criação do poeta e o desespero humanista. Em relação ao desespero humanista e à problemática religiosa, Torga preocupa-se que com os humanos e revolta-se com Deus. Acredita que nenhum Deus é digno de louvor mas sim os humanos, pois, para Deus, omnisciente, é muito fácil ser virtuoso, e enquanto ser sobrenatural não se opõe qualquer dificuldade para fazer a natureza - mas o homem, por outro lado, é limitado, finito, exposto à doença, à miséria, à desgraça e à morte e é capaz de se impor à natureza. É por isso que Torga acha que o único a ser digno de adoração é o homem. Para além disso, Torga muitas vezes questiona a existência de Deus. Torga questiona-o sem verdadeiramente crer que esteve questionando Deus (nega Deus e ao mesmo tempo questiona-o). Um exemplo disso é o poema “Desfecho”.
No que toca ao sentimento telúrico, a terra é para Torga como o ventre materno, recuperadora das forças. O telurismo de Torga exprime-se em constantemente no seu apelo à terra. A fraternidade do povo e a consciência de português e de ibérico exprimem o telurismo de Torga. Um exemplo disso é o poema “ São Leonardo de Galafura”.
Em relação ao drama da criação poética, para Torga a poesia é liberdade e a religião humana. Nos poemas “ Orfeu Rebelde” e “Mudez” está presente o drama da criação poética. No primeiro, Torga fica revoltado com os outros poetas por não serem felizes e não se importarem com os seus cantos e no segundo, Torga mostra-se desapontado consigo mesmo por não conseguir exprimir os seus sentimentos nos seus poemas.
Gostei de algum problemas de Torga, principalmente "Mudez", pois, por vezes, não conseguimos exprimir os nossos sentimentos por mais que queiramos. 

O Gebo e a Sombra, Raúl Brandão

O Gebo e a Sombra, Raul Brandão

A obra intitula-se O Gebo e a Sombra e é da autoria de Raul Brandão. É um texto dramático dividido em quatro actos.
Gebo regressa de uma viagem de negócios, trabalhava numa Companhia Auxiliar, e é recebido por Sofia, sua nora, e Doroteia, sua esposa. Esta última enche-o de perguntas sobre seu filho, João, que desaparecera de casa há 8 anos. Porém, Gebo esquiva-se das perguntas para não magoar Doroteia, que vivia numa ilusão que seu filho partira para melhorar a situação da família. Com a falta de respostas, Doroteia revolta-se com o seu marido e sai a chorar. Ao ficar sozinho com Sofia, Gebo confessa ter visto João nas sombras da noite. Quando Gebo estava sozinho no escritório, João aparece subitamente em casa. Doroteia fica feliz com a presença do seu filho. A maleta que contém dinheiro que Gebo trouxe do seu trabalho chama a atenção de João. Este não resiste e rouba a maleta quando estava de noite e estavam todos deitados. Sofia tenta impedi-lo, mas sem sucesso. Gebo assume a responsabilidade  por seu filho e é preso. Após três anos, João tinha regressado há algum tempo, Gebo estava nos últimos dias de prisão e a Sofia trabalhava numa fábrica para sustentar a família. 
Gostei desta obra pois tem muitas reflexões existencialistas tais como “…Será a vida só uma? Só uma?...” e muitas outras e também pela forma como Raul Brandão consegue caracterizar uma sociedade através das dass personagens. Recomendo vivamente a leitura deste livro. 

Poesia de Mário de Sá-Carneiro

Mário de Sá-Carneiro - Poemas escolhidos

Mário de Sá-Carneiro foi um poeta, contista e ficcionista português do fim do século XIX e início do século XX. Foi um dos grandes representantes do modernismo em Portugal e um dos mais conhecidos escritores membros da revista literária Orpheu, a qual integrou juntamente com o seu grande amigo Fernando Pessoa.
A sua poesia caracteriza-se sobretudo pela presença da melancolia e da insatisfação pessoal perante a sua vida. Anseia e busca a dispersão, sendo isso possível de interpretar nos seus poemas.
O narcisismo é outra característica dos seus poemas, narcisismo esse que pode ser considerado resultado das suas carências emocionais que o conduziram à sensação de solidão.
A incapacidade de viver aquilo que idealizava, visível sobretudo no poema "Quási", a insatisfação face ao presente e o tom sombrio sobressaem nos seus poemas.
Gostei muito de ler e analisar os poemas de Mário de Sá-Carneiro. Identifiquei-me com algumas das suas sensações, como por exemplo, o sentimento de incapacidade pessoal.
Muitos poetas possuem também este tom melancólico e deprimente, mas, na minha opinião, no caso de Mário de Sá-Carneiro, o mesmo traduzia isso de uma forma diferente, mais subtil, mas ao mesmo tempo mais real e mais fácil de ser compreendida, chegando até ao ponto de me causar empatia.
Recomendo genuinamente a leitura dos poemas deste escritor.


O Avejão, de Raul Brandão

O Avejão, de Raul Brandão


    Para o Projeto Individual de Leitura de Literatura Portuguesa, foi-me proposta pela professora da disciplina a leitura de uma das obras de Raul Brandão, nomeadamente, O Avejão.
Partindo do conceito de 'avejão', que é uma espécie de assombração, devo dizer que me interessei imediatamente pela obra. 
   O Avejão é um texto dramático que apresenta uma história em que as personagens principais são o avejão e a Velha.
   Neste texto, Raul Brandão apresenta-nos uma situação na qual uma mulher já com a sua idade  se encontra à beira da morte. 
O Avejão surge como uma sombra, com o objetivo de a levar para o "além". Depois de lhe revelar o porquê da sua visita, a mulher começa a inventar desculpas para não ser levada, dizendo que realmente não viveu a vida como queria. O Avejão acaba por lhe dizer que tudo o que fez na vida foi inútil e que provavelmente depois de morrer o céu e o inferno não existem. 
    De uma forma geral, Raul Brandão apresenta através da sua escrita a sua opinião sobre a vida e a morte, dizendo que tudo o que fizemos até agora pode ter sido inútil.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

«Miura» in Bichos, Miguel Torga


O conto que li é da autoria de Miguel Torga, tem como título "Miura" e pertence ao livro Bichos.
O conto tem como protagonista Miura, um touro a quem foi tirada a liberdade e o levaram para participar de uma tourada. Miura foi colocado num curro o que o faz sentir preso, encurralado e ficar furioso por não conseguia sair. Com as saídas dos outros touros para a arena, Miura relembra o seu passado na lezíria ribatejana, sítio em que se criara e fora livre. O touro sente-se cada vez mais angustiado e com medo devido aos sons das palmas, gritos e música. Ao entrar na arena, Miura sente-se nervoso e agitado, mas estes sentimentos logo são substituídos por fúria. Miura consegue atacar o toureiro uma vez e fere-o. Depois de algum tempo, já cansado deixa-se vencer e entrega-se o seu cruel destino, a morte. 
Gostei deste conto pois relata o quanto o ser humano consegue ser insensível a ponto de fazer coisas cruéis a um animal apenas para sua diversão. Também nos mostra que, tal como nós, os animais têm sentimentos. 

A Castro, de Júlio Dantas

A Castro de Júlio Dantas - Manuseado - www.manuseado.pt

O livro que li tem como título A Castro e é da autoria de Júlio Dantas.
Este texto é sobre uma das mais emocionantes histórias de amor portuguesas, a história de Inês de Castro e do rei D. Pedro.
De todas as versões e livros existentes que nos relatam esta história, este texto dramático de Júlio Dantas dá-nos uma perspetiva diferente, pois nesta a figura do rei Afonso IV, pai de Pedro, é-nos apresentada de uma forma menos cruel e mais emocional.
Inês e Pedro, caracterizados de uma forma que pretende dar ênfase à sua paixão, amam-se contra a vontade do rei Afonso IV e dos seus fidalgos nobres, pois, segundo os mesmos, Inês era a perdição do reino. O ódio dos fidalgos era tanto que foram eles próprios quem aconselharam o rei Afonso IV a matar Inês, conselho este que deixa o rei desconfiado, pois para ele, Inês era inocente e não havia lei nenhuma que a condenasse.
Certo dia, Inês conta às suas amas que tinha tido um sonho e que nesse sonho a mesma era morta devido ao descontentamento do povo perante o seu amor. Pouco tempo depois, as amas de Inês vêm avisá-la que el-rei estava prestes a chegar e que vinha acompanhado pelos seus fidalgos e por uma pequena multidão.
Mal chega, o rei Afonso IV depara-se com Inês prostrada diante de si pedindo piedade. Inês suplica por si e pelos seus filhos, teme pela dor que a sua morte irá causar a Pedro.
Afonso IV mostra-se sentimental e nega-se a condenar Inês, mas os seus fidalgos afirmam que justiça tem de ser feita pelo reino. Ao virar costas para ir embora, o rei Afonso IV vê os seus fidalgos a correr na direção de Inês tirando as suas espadas da bainha.
O sonho de Inês tinha acontecido verdadeiramente, fora assassinada, deixado assim para trás a sua paixão e os frutos da mesma, os seus filhos.
Ao saber desta notícia, D. Pedro cai num grande choro, gritando e prometendo a Inês que iria fazer dela rainha.
Gostei muito deste livro, porque, na minha opinião, a história de Inês e Pedro é intemporal e nunca é demais ler sobre a mesma. Esta história de amor, que acaba de forma trágica, contraria as histórias de amor perfeitas e demasiado romantizadas, o que para mim é um ponto positivo, pois isto só prova que o amor da vida real é um sentimento que pode curar como também pode ferir.


O Alfageme de Santarém, de Almeida Garrett


Este é o segundo livro que leio da autoria de Almeida Garrett e digo-vos já que adorei ambas as obras.
Relativamente à obra Alfageme de Santarém, no meu ponto vista, esta história é extremamente interessante pelo facto de a obra nos transmitir uma mensagem, demonstrando-nos que devemos seguir o caminho da justiça/verdade assim como fez o próprio Fernão Vaz, sendo reconhecido então como Alfageme de Santarém por ser um homem humilde, honesto e determinado. Apesar de Fernão Vaz saber que não conseguiria alcançar alguns dos seus objetivos, nunca desistiu e foi à luta.
Este foi o motivo pelo qual esta obra fez despertar em mim um grande interesse porque, sinceramente, hoje em dia acho que não existem muitas pessoas tão sinceras como o Alfageme de Santarém.
Recomendo muito a leitura deste livro, porque acho que em algum aspeto pode ajudar alguma pessoa a reflectir sobre as suas atitudes e a procurar ser uma pessoa melhor.