terça-feira, 19 de novembro de 2019

Bichos ( "Nero"), de Miguel Torga

O texto que estive a ler é um conto do livro Bichos, de Miguel Torga. Este conto tem como personagem principal um cão, cujo nome é Nero, sendo este nome o título do conto. Este cão encontra-se já às portas da morte, esperando o seu último sopro, devido à idade avançada. Quando ele se apercebe que a sua hora está a chegar, começa a reviver os momentos que teve ao longo da sua vida, tanto os bons como os maus. Ao mesmo tempo fica pensativo, apercebendo-se das saudades que terá dos seus donos, apesar de estes terem sido rudes para com ele no período em que lhe tentavam impor regras, mas este não sente que irá fazer falta aos seus "proprietários". Apesar de tudo isto e das fases más, este bicho acabou por falecer em paz, pois, quando estava prestes a dar o último suspiro, viu a sua dona aproximar-se do seu velho corpo e a chorar. É assim que Nero acaba por falecer em paz e feliz, pois pensava que os seus donos estavam impacientemente à espera do seu falecimento para colocarem alguém mais novo no seu lugar.
Podemos assim concluir que este conto é visto como uma metáfora, pois é através da vida de um cão que já se encontra no seu tempo terminal que observamos a visão do autor sobre a vida humana, ou seja, identificamos que um ser humano pode ter uma vida feliz, simples e que deixe marcas tal e qual um cão doméstico.
Gostei em particular deste conto por ter uma perspetiva sobre a vida humana e sobre o típico contraste vida/morte e ainda sobre a questão existencial ( sentido da vida).

As intermitências da morte, de José Saramago

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O livro que li tem como título As intermitências da morte e é da autoria de José Saramago.
Nesta obra, é-nos apresentado um cenário hipotético onde a morte deixa de existir ou atuar. Como consequência da inexistência da morte, o caos e a desordem surgem. A partir deste acontecimento a morte começa a ser encarada de forma distinta, começa a ser vista como uma necessidade e não propriamente como algo dispensável e desnecessário, expressando assim que a vida necessita da morte. 
Inserida neste mesmo enredo, surge uma história entre a própria Morte e um velho violoncelista. Acabada a intermitência, a Morte retorna à sua ativa função, tendo desta vez que entregar uma carta (este era o método alertar as pessoas para a sua ida deste mundo) a um velho violoncelista que suscita curiosidade e sentimentos à cruel e temível Morte.
Este livro é muito interessante, pois apresenta-nos uma história diferente. Recomendo a leitura desta obra, especialmente porque José Saramago antropomorfizou a Morte, atribuindo-lhe características morais, o que, de facto, convida ao prosseguimento da leitura. 

A viagem do elefante, de José Saramago

A obra que estive a ler é da autoria de José Saramago , o seu título é  A viagem do elefante.
Esta obra retrata a viagem de um elefante chamado Solmão e do seu cornaca, que, vindos da Índia para Portugal, tiveram como destino Viena.
Esta acção tem lugar no reinado de D. João III. Solmão pertencia ao rei e à rainha D. Catarina, mas estes já tinham perdido o interesse no elefante, pois este já tinha deixado de ser uma novidade no reino. Assim, lembraram-se do convite de casamento do arquiduque de Viena e decidiram oferecer Solmão como presente de casamento. Momentos após ter abdicado de Solmão, D. João mostrou um pouco de arrependimento.
Para ser possível a chegada do elefante a Viena, este teve de fazer um longo percurso com vários percalços, mas, mesmo com inúmeros contratempos, nomeadamente terem faltado animais para carregar os alimentos do elefante para que ele pudesse chegar ao pé do arquiduque são e salvo, este chegou a Viena . Ao chegarem ao seu destino, o elefante e o seu cornaca foram muito bem recebidos pela cidade inteira, e foi durante o cortejo de boas-vindas que Solmão agiu como um herói salvando com a sua tromba uma menina de cinco anos que se tinha soltado das mãos dos seus pais e fugido para o meio do cortejo com o risco de o elefante a esmagar. Porém, ao invés disso, ele agarrou-a e levantou-a no ar, como se estivesse a dizer que estava tudo bem. Foi nesse momento que pudemos ver todo o povo de Viena, incluindo o arquiduque, espantados com este feito de Solmão.
Tal como referi no início, Viena foi o destino de Solmão, foi lá que este acabou por falecer dois anos mais tarde, durante o inverno. Em relação ao cornaca, este tomou rumo de regresso a Lisboa, só que nunca houve registo nem notícias de tal chegada, presumindo-se que este tenha mudado de rumo ou então falecido pelo caminho.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

A Queda Dum Anjo, Camilo Castelo Branco



Antes de começar a falar propriamente da obra em si, devo dizer que achei a leitura deste livro um pouco complicada de entender, mas recomendo vivamente aos amantes de drama e de política a leitura do mesmo.
A Queda Dum Anjo é um romance satírico da autoria de Camilo Castelo Branco, escrito em 1866, cujo assunto predominante é a corrupção política, essencialmente a corrupção de Calisto Elói de Silos, personagem principal. Calisto, o protagonista da história, começa por ser apresentado como um simples fidalgo conservador, que representa em si o povo português. Mais tarde, Calisto foi eleito deputado. Quando isto aconteceu ele foi para Lisboa onde fica fascinado pelos altos cargos e pela luxúria que lá predominam. Calisto deixara para trás a sua esposa, e quando o luxo e ambição tomaram conta dele, ele deixou ser o "anjo" e começou um relacionamento extra-conjugal com uma prima do Brasil (Ifigénia), que veio para Portugal após o falecimento do marido.
A verdadeira "queda do anjo" deu-se quando Calisto, de posição política miguelista, se muda para o partido liberal do governo abandonando, os seus princípios e os do povo que o elegera. Passado algum tempo, a sua esposa vai à sua procura, depois de ter notado que ele se tinha transformado num amante frio e distante. Quando chegou perto dele ele já não queria saber dela e mais tarde, quando ela o procura novamente, ele está com a amante em Paris. Teodora, esposa do protagonista da obra, começa um relacionamento com um primo interesseiro, após os seus desgostos.
Assim sendo, conseguimos perceber o porquê do nome da obra: vimos ao longo do livro alguém que era bom tornar-se numa pessoa má e desprezível.

Cem poema de Sophia - Sophia de Mello Breyner Andresen






O livro que li tem como título Cem Poemas de Sophia e, como o título indica, é da autoria de Sophia de Mello Breyner Andresen. Neste livro reúnem-se cem poemas dos mais representativos da obra de Sophia, cujo principal aspecto é dar a conhecer o essencial de uma poesia que todos os portugueses devem ler e amar. 

A maioria dos poemas apresenta como tema a natureza, quer pelas referências ao mar, quer pelas referências ao campo. Acrescento também que vários são os poemas com referências a figuras mitológicas, como por exemplo, Apolo, Kassandra, Dionysos, Orpheu, Eurydice, etc... 

Gostei muito deste livro, pois Sophia é uma das minhas escritoras de eleição e a partir deste livro pude ler poemas fantásticos da sua autoria que eu desconhecia. Aconselho a leitura deste livro pois todos os poemas apresentam temas super interessantes. A linguagem do livro é super acessível, raramente tive a necessidade de recorrer ao dicionário.

Uma Família Inglesa - Júlio Dinis



 O livro que estou a ler tem como título Uma Família Inglesa e foi escrito por Júlio Dinis. A obra retrata uma família inglesa que veio para Portugal no século XIX, época marcada pelo negócio do famoso vinho do Porto. 
É no Porto que Carlos Whitestone , filho de Mr. Richard, um grande comerciante inglês, se apaixona por Cecília, uma moça bela de 18 anos, cujo pai era guarda-livros do escritório da família Whitestone. Essa paixão à primeira vista deu-se num baile de Carnaval, onde Carlos e Cecília se encontraram pela primeira vez. Sem saber quem era aquela bela moça, pois a mesma estava mascarada, Carlos conta a sua irmã Jenny o que se tinha passado naquela noite. Depois de descobrir que a apaixonada de Carlos era a sua amiga Cecília, Jenny tenta protegê-la, pois receia que esta paixão seja apenas mais uma aventura do irmão. Contudo, ao se aperceber que estava errada, acaba por ajudá-los a chegar à felicidade. 
 Estou a gostar do livro pois a paixão entre Carlos e Cecília é motivadora e deslumbrante, não sendo a típica paixão dos romances literários. 
  Acabo assim por recomendar a leitura deste livro, não se vão arrepender de lê-lo pois não é tão aborrecido como pode aparentar ser. Outra curiosidade que o livro apresenta é o facto de conter algumas expressões e vocábulos ingleses.



 

Amor de Perdição - Camilo Castelo Branco




O livro que li tem como título Amor de Perdição e é da autoria de Camilo Castelo Branco. O livro relata uma história de amor entre dois jovens cujas famílias são rivais, Simão e Teresa quer longe ou perto amaram-se sempre. Para evitar esse mesmo amor, o pai de Teresa envia-a para um convento e mete Simão na prisão, pois este tinha matado o primo de Teresa para evitar que a mesma se casasse com ele. Mesmo distantes, os enamorados comunicavam através de cartas, cartas essas completamente emotivas e comoventes.
Para finalizar, gostei muito do livro apesar de não ser grande fã de histórias amorosas. Aconselho a leitura deste livro a todos os jovens que apreciam romances finalizados tragicamente. Realço também que a linguagem do livro requer por vezes a solicitação de um dicionário.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

A segunda vida de Francisco de Assis, de José Saramago


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Começo por aconselhar a leitura deste livro, pois é muito interessante pelo facto de contar a história da vida de um santo.
A segunda vida de Francisco de Assis é da autoria de José Saramago. Este livro é um texto de teatro onde se apresenta a história de um santo, Francisco de Assis.
Inicialmente, encontram-se em cena o presidente da empresa e os membros do conselho a discutir sobre o que devem ou não fazer para melhorar o gráfico. Estão "sobre a mesa" duas hipóteses: melhorar o produto ou preparar-se os agentes. Assim se entra no mundo da "política", segundo José Saramago.
Passado um tempo, Francisco de Assis, que se encontra supostamente morto, reaparece diante a sua mãe e mais tarde às restantes pessoas. À medida que o tempo passa, vai tentando destruir a companhia, pois esta estava rica e, como fundador da mesma, queria voltar a fazer o que fazia, ou seja, ajudar os pobres e não acumular riqueza.
Com esta peça, José Saramago faz mais uma crítica à Igreja Católica: a companhia de S. Fancisco de Assis é a própria Igreja, que não pratica os princípios de solidariedade e de generosidade pregados por Jesus Cristo, da mesma forma que a companhia, em vez de ajudar os pobres, enriquecera.
É de salientar que Francisco de Assis foi um frade católico da Itália. Depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para a vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Auto da Índia, de Gil Vicente

Auto da Índia

                                                     

Este livro de Gil Vicente intitula-se  Auto da Índia. É um livro de teatro e é a primeira farsa deste autor tal como a primeira da literatura portuguesa.
Esta farsa foi representada pela primeira vez em 1509, em Almada, perante a rainha D. Leonor. 
Este auto começa por nos apresentar a Ama, cujo marido partira numa embarcação à procura de fortuna, embarcação esta cujo retorno não era esperado. Assim, na ausência do marido, a Ama mantém relações extraconjugais com dois amantes: enquanto estava com um, o outro esperava do lado de fora da janela ou na cozinha, alternadamente. A Moça é uma personagem importante desta farsa, pois tem o papel de confidente e cúmplice de Constança (Ama): é ela quem guarda segredo das relações que a Ama mantém com outros homens e também é ela quem a avisa que a embarcação estava de regresso e que o seu marido estava vivo. Ouvindo isto, a Ama manda os seus amantes embora, apesar de contrariada. Assim, ela enche-se de  uma falsa felicidade e recebe o seu marido com enorme alegria, dizendo-lhe que, na sua ausência, sofrera tanto que nem comera e que tinha sentido imenso a sua falta. Por seu lado, o marido, que voltara sem ter alcançado a riqueza ambicionada, conta as dificuldades por que tinha passado no Oriente. E assim o casal prosseguiu a sua vida como nada tivesse acontecido.
Recomendo vivamente este livro . Talvez tenha sido o de que mais gostei até agora, devido ao seu enredo. 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

                                                      Resultado de imagem para caim josé saramago
     
   O livro cujo título é Caim é da autoria de José Saramago. É um romance onde o autor utiliza uma linguagem satírica e irónica para ridicularizar e desrespeitar a Bíblia.
   O tema deste romance é o confronto ético-moral entre Deus e Caim, assassino de Abel, como relata a Bíblia. Este livro contém momentos históricos da Bíblia como: a criação do mundo, o pecado de Adão e Eva, a expulsão do paraíso, o sacrifício do filho por Abraão.
   Nesta obra podemos observar uma contradição no comportamento do fratricida, pois, apesar de este ter matado o seu irmão por inveja, ele questiona-se sobre o porquê das mortes de crianças inocentes e salva Isaac de ser sacrificado por seu pai.
   Gostei deste livro, pois faz-nos ver a Bíblia de uma maneira mais engraçada, devido à sátira e ao sarcasmo presentes.

Aparição- Vergílio Ferreira

                                              Aparição


A Aparição é um livro da autoria de Vergílio Ferreira, é um romance publicado pela primeira vez em 1959. Este livro começa com a chegada de um novo homem a Évora, trazendo consigo o prenúncio da tragédia.
Alberto Soares é o personagem principal desta obra, é ele quem chega a Évora como novo professor do liceu. Ele é um homem que está de luto, até me arrisco a dizer que ele é um pouco sombrio, porque ainda se está a recompor da morte do pai. Ele, com os seus "demónios", acaba de chegar a uma cidade cheia de "luz", o que faz perceber que a sua relação com a cidade não será fácil. Pela sua jornada, ele irá deparar-se com várias mortes, como também com a sociedade fechada daquela época, repleta de várias classes sociais de uma pequena cidade onde ainda se podia dizer que havia fascismo. Com isto, o personagem irá colocar em causa a relação do homem com o mundo/existência. Em 1959 ainda havia o espectro da II Guerra Mundial, encontrando-se o homem completamente "só", buscando apenas o sentido da vida. Neste livro, Vergílio Ferreira torna-se um intérprete dessa interrogação existencial, relativa ao valor e ao sentido da vida.
Eu recomendo a leitura deste livro, pois faz-nos ter um pensamento mais profundo sobre a existência. 

As Pupilas do senhor Reitor

As Pupilas do Senhor Reitor



As Pupilas do Senhor Reitor é uma obra que retrata não só o modo de vida do séc. XIX mas também o modo de amar daquela época, muito diferente do modo de amar dos dias de hoje.
Júlio Dinis insere a sua obra num Portugal onde a igreja comandava tudo, desde o ensino dos filhos mais novos à vida de todos aqueles que eram considerados "pecadores", conferindo-lhe as suas sentenças e decidindo com quem cada qual deveria casar.
Esta obra conta-nos as aventuras e desventuras de dois jovens, Daniel e Margarida , dois apaixonados que, por ironia do destino, a vida achou-se no direito de separar .
Daniel um jovem considerado "demasiado fraco para a vida no campo" e é enviado para o Reitor (padre António) para se preparar para a vida de seminarista. No entanto, mais tarde, o Reitor sugere a sua ida para o Porto, para que este se torne um grande cirurgião . Margarida, uma  jovem pastorinha cuja vida nunca lhe fora generosa, é órfã de pai e mãe,  e responsável pela sua irmã mais nova, Clara. Ambas são deixadas aos cuidados do sr. Reitor, que as educa, sendo que mais tarde Margarida prossegue nos estudos, tornando-se professora.
É  ainda na infância que Daniel e Margarida desenvolvem uma paixão um pelo outro, o que desagrada ao senhor Reitor, que pretendia fazer de Daniel padre. Esta paixão acaba por ser desfeita com a ida de Daniel para o Porto para estudar Medicina.
Neste contexto de separação entre os apaixonados surge um desenrolar a nível amoroso meio conturbado entre Pedro e Clara, o irmão mais velho de Daniel e a irmã de Margarida. Nisto dá-se o retorno de Daniel à província, retornando com ele os velhos sentimentos de Margarida, deixados para trás há dez anos.
É neste meio termo de busca pela sua amada que que iniciam as aventuras e desventuras dos jovens casais na busca pelo amor e pela aprovação do Sr. Reitor para que se pudessem casar de acordo com a bênção de Deus.
Júlio Dinis, enquanto escritor, caracteriza-se principalmente pela busca de um típico happy ending em todas as suas obras, em conjunto com uma religiosidade e um carácter  moralizador, sendo que este apela à bondade, ao sacrifício pessoal, conferindo um certo drama à obra, bem como um suspense, incitando o leitor a querer chegar ao final da obra de modo a saber todo o enredo da mesma, só descansando quando termina.